domingo, 22 de setembro de 2013

Tic. Tac.

'O tempo não para' - Cazuza


A gente nunca percebe que a vida passa tão depressa. Tudo é tão efêmero, cada dia a mais é um dia a menos meu bem, e nessa de não perceber a vida voando ao nosso redor, ás vezes fazemos tudo errado sem nos dar conta. Esse momento, cada segundo, cada minuto, já passou, já não cabe mais. Presente não existe, porque em um instante ele já é passado, e o que passou não volta. Bem na verdade o passado, presente e futuro não existem – tudo se une numa coisa só. E quanta coisa a gente perde por besteiras, por se apegar ao que não devemos, por medo? Abraça sua loucura antes que seja tarde demais, disse o poeta, e quantas dessas a gente deixa de abraçar por burrices?

É Clarice, tu tens razão:  vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre. Mas a gente não percebe e vai brincando com diversas coisas – levam o sentimento, o amor, a paz, as virtudes, tudo na brincadeira. Vão levando assim, vivendo vagamente, superficialmente, sem perceber que um dia –puf- acabou. Ainda ontem eu comia bolinho de chuvas na casa da minha avó, agora, sou eu quem faço os meus próprios. Ainda ontem eu reclamava da vida dura de estudante do ensino médio, agora sei bem o que é uma vida dura.

Quantas palavras deixamos de dizer, quantas insanidades não cometemos, por medo do amanhã? Mas o amanhã, meus caros, já passou. Passa depressa. É engraçada, aliás, essa teoria do tempo: ele se arrasta tanto quando esperamos por algo – ou alguém – e passa tão depressa quando finalmente estamos realizando aquilo que queremos. Chega a ser uma ironia. Por isso, temos mesmo que viver, intensamente, sem medos, sem mágoas, sem se apegar aos rótulos dos outros. Se tu ama, ame mesmo, ame profundamente, porque logo mais o amor pode acabar, quem garante? Se tu quer, vá atrás. Se não quer, diga, não aprisione, não engane – a vida é muito curta para fazer os outros perderem o tempo precioso que não tem.

 Quero escrever tudo isso sem vírgulas, sem aspas, sem pontos, sem revisão. Queria poder falar tudo que pulsa aqui dentro, queria poder correr e te abraçar e dizer que te quero tanto e tanto. Queria poder conhecer tudo no mundo, ler todos os livros que desejo, ouvir todas as músicas que não conheço, fazer tudo aquilo que não fiz. Mas, veja só, não tenho tempo. E a cada dia tenho menos  ainda. Acho que as pessoas não percebem isso, não conseguem mensurar o quanto passa depressa. Talvez, se realmente prestassem atenção no quanto tudo voa, não ficassem estagnadas. Estamos perdendo tempo, meu bem. A cada minuto.


Tic Tac.

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