quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sem adjetivos, nem verbos.

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Queria escrever sobre você. O cursor pisca insistindo por alguma palavra, mas a página segue em branco. Não que eu não tenha o que dizer – pelo contrário, você é uma fonte inesgotável de inspiração. Poderia dizer mil coisas, usar mil floreios ou palavras difíceis para enfeitar isso tão simples que sinto. Mas não consigo. Não consigo te transformar em ficção, literatura, porque você foi a coisa mais real que me aconteceu. Tão longe, tão aqui. Só sei escrever lindamente sobre mentiras, sobre coisas que observo. Coloco nas palavras sentimentos e anseios que são mentiras sinceras – obrigada Cazuza – ou realidades inventadas, mas se quero dizer exatamente o que pulsa aqui dentro, não consigo.

Você me cala. Você me faz querer justamente as coisas que mais fujo desse mundo. Você faz eu me sentir piegas, brega, me faz  escrever coisas clichês. O amor – posso chamar disso? – é clichê. É o ridículo da vida, diria Cazuza em sua voz rouca novamente. Ninguém quer ser ridículo, tolo que somos. Na tentativa de não ser piegas, disfarçamos das maneiras mais óbvias possíveis aquilo que a gente sabe que sente. Por que sentir, afinal, é tão difícil?


Não sei explicar. Do mesmo jeito que não sei ter coerência quando tento te retratar como minha literatura. Incoerentes, aliás, é tudo que somos, fazendo as coisas sem nexo, sem sentido, tão confusas, difusas, e por serem assim tão tortas, tão reais. Ainda estou na dúvida, aliás,  se queria ter te encontrado ou apenas continuar com a ideia do que teria sido. Não sei mensurar, não sei explicar, não sei escrever: você me bagunça. Bagunça todas as palavras que já deixo organizadas para escrever sobre isso, confunde os adjetivos, advérbios, verbos e tantas outras coisas que serviriam para me nortear. Meu senso de direção não funciona com você, porque não temos direção – apenas seguimos para o agora, e quem sabe, o infinito. É assim mesmo, ao som do Lenine: não me importo com a lógica, quero só o que me interessa.    

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