terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Metáfora de mercado

Weheartit.com

Ouvi uma voz pedindo um café-com-leite. Mais café que leite. Não, sem açúcar  Muito interessante, pensei, enquanto tomava meu próprio café gêmeo ao desse cara na mesa do mercado. Na cestinha (opa, sinal que deve ser solteiro, casados compram em carrinhos) tinha ração de gato. Homens que tem gatos são muito interessantes. Tinha frutas, coca-cola, macarrão e o resto não consegui ver. Barba por fazer, uma tatuagem na panturrilha. Chinelos. Muito, muito interessante. Bebi meu café devagar e fiquei observando, já ele bebeu rápido, olhou seu relógio com uma cara de sério (que cara mais lindo!) e se perdeu entre as prateleiras do mercado. Lá se foi um cara muito, muito charmoso e interessante.

Pedi mais um café, porque aquilo me deixou intrigada. Onde se escondem esses caras interessantes? Perdidos entre as prateleiras do mercado e livrarias? Na esquina de cinemas cults e bares de nomes estranhos que ninguém conhece? Por que é tão difícil de localizá-los, existe algum tipo de código? Ou estaria eu apenas procurando nos lugares errados?

 Uma coisa é certa: na balada eles não estão. Veja bem, meu bem, sinto lhe informar, mas é verdade. Não estou dizendo que as pessoas das baladas não sejam interessantes, mas é que elas estão ali com outro propósito  Se fosse um mercado, os caras da balada estariam na prateleira de chocolates e gordices, são uma delícia, todo mundo quer, mas acabam rápido. Muitos até te deixam com aquele sentimento de culpa – e engordam. E, no momento, estou de dieta, prefiro algo mais light, com sabor diferente, algo orgânico  sem firulas na embalagem, mas com um conteúdo que não faça (tão) mal. Que seja mais para ‘longa-vida’ do que para ‘pronto em três minutos’. Mas essas prateleiras são tão escondidas! 

 Parece que esse tipo de produto anda em falta no mercado. Ou até, quem sabe, eles passem despercebidos pela gente, porque escolhemos demais. Eu sou assim. Vivo sabotando a dieta, depois reclamo que não tem nada que preste, mas na hora de escolher, será que eu escolho o certo? É bom pensar. Terminei meu segundo café e jurei ficar um pouco mais atenta: quem sabe seja hora de prestar atenção nas escolhas. E nas cestinhas alheias.

Um comentário:

Bruna Franco Teixeira disse...

Ain, adorei TUDO. *-* Muito interessante é esse seu textinho. Amei, sério!