terça-feira, 27 de setembro de 2011

sun, sun, sun

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Abre a janela, deixa o sol entrar. Abre, abre tudo, janela, porta, tudo. Deixa o calor invadir todos os cômodos, deixa ele secar tudo que a chuva molhou, tudo que está encharcado aí dentro. O inverno acabou, sabia não? Deixa as mágoas lá na outra estação. Primavera vem florindo tudo, dando um novo tom para as cores já desbotadas. Um novo amor, porque não? Logo estamos no verão, onde as coisas se intensificam. Ah, o verão, praia, sol, mar, sonhos ao som de Norah Jones cantando sunrise, sunrise, Looks like morning in your eyes...
Seus olhos, seus olhos iluminados pelo sol, sol morno da manhã. Desta manhã, abri tudo, janelas, portas, olhos, coração, deixei o sol invadir, deixei ir embora, vai, nunca mais! Pois agora é primavera, depois é verão. E o sol deixa as cores bem mais bonitas, ilumina fora-e-dentro-de-mim.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sou mulher, queridinho.


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Não venha falar de amor se você não sabe lidar com isso. Não ofereça compromisso se não é isso que você quer. Não me envolva, para depois querer me deixar de canto. Não sou um brinquedinho que você pode brincar até enjoar. Pareço menina, choro como uma menina, ajo muitas vezes com imaturidade de uma menininha assustada, mas sou mulher. Não esqueça disso: sou mulher. Toda mulher é muito menina, tem medos, chora, age sem pensar. Mulher é sentimento. Sou sentimento, sentimento profundo, me entrego inteira, se não consegue ficar nem com a metade disso, por favor, fique sem nada. Você pode achar que não, mas sou mulher. E preciso de um homem para lidar com isso, um menino para meu lado de menina, mas um homem que agüente meu lado de mulher. Isso é raro, sabe? Achar um homem, quero dizer. Algum que não se assuste, que queria dividir, que saiba somar. Não quero ninguém para me empurrar, tão pouco quero guiar alguém: não, não confunda, quero alguém para andar junto comigo.
Te disse, sou mulher. Sabe todas aquelas vezes que eu pedi não me deixa, não sei viver sem você? Mentira bobinho. A gente sempre consegue. Querido, sou capaz de ficar horas e cima de um salto quinze e continuar sorrindo no fim do dia, eu enfrento depilação com cera quente, eu faço a sobrancelha com pinça, faço dietas sem comer carboidrato, me diz, você acha mesmo que eu não consigo viver sem você? Cai na real, garoto. Vê se cresce. Você sabe que vai sentir falta não é? E que vai me procurar em tantas outras garotinhas por aí. É assim que vocês são. E no fundo, colocam a culpa na gente. Olha, ser homem é muito fácil, é tudo natural. Traição é natural. Medo de compromisso é natural. Imaturidade é natural. Mas no fim, lá no fundinho da cabeça de vocês, vocês sofrem e se escondem atrás de todas essas desculpas.
Mas querido, sou mulher. Sou capaz de sofrer amargamente, de chorar rios de lágrimas quando chegar em casa, mas sou capaz de continuar. Com você, ou sem você. Não demora, logo passa. E se não passar? Eu passo adiante.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

(sem) Comunicação.

Closer.



Por que seu eu falo, você não agüenta mais, se eu te peço, é cobrança. Se eu calo, quer que eu fale, te conte tudo que há de tão errado. Se eu te conto, tudo-tudinho eu sou maluca, você não agüenta mais brigar e desse-jeito-não-dá-mais. Se eu digo que não da mais, eu te machuco. Se eu tento terminar, você não deixa, você me ama, você me quer, não vamos mais brigar, vem aqui me dar um beijo, que saudades de você. Se você não quer falar comigo mas eu quero falar com você, sou uma criança, não entendo, vai embora, vou desligar. Se eu não quero falar com você, por que eu faço isso? Eu não vejo que estou tão errada e que blábláblá vai acabar, blábláblá não vai dar certo. Se fazemos as pazes para nunca mais brigar, brigamos no outro dia, se não fazemos, como senti sua falta, como você sentiu a minha, não dormi, te quero muito. Se não posso ir até aí,  é muita saudades queria tanto te ver meu bem... mas se digo que vou, não dá, ta muito ocupado, é muito tarde, qualquer coisa dessas. Se peço ajuda, abrigo, uma mão, não pode me dar, pois é só isso que tem a oferecer, se eu não quero, até mais então. Se eu digo até mais então, não-espera-fica-vou-mudar-daqui-a-um-tempo-será-diferente. Você não me entende, eu não te entendo, ta tudo errado. Não falamos outra língua além dessa: amor. Isso temos de sobra, não temos? Mas não adianta falarmos em amor amor amor se todo o resto está em outra língua. Ou aprendemos a falar o mesmo idioma, ou me calo e vou oferecer todo esse sentimento louco para quem quiser falar dessa loucura toda, na mesma língua que a minha.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um conto.

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Como de custume, entrei no café. Pediria o de sempre - capuccino - e quem sabe algum daquele brownie que por vezes tinha ali. Como de costume, ele estava ali. Um jornal aberto, uma cara séria, um café expresso. Mas eu sabia, ah  e como sabia, que por trás daquela expressão séria e do amargo do café havia uma história a ser contada. Uma história doce, talvez amarga, talvez intensa. Ele folheava o jornal, tomava o café, e iria embora. Subia na moto, expressão dura no rosto, e sumia por entre as ruas da cidade grande. Todo dia era assim.
Mas havia uma história, uma história a ser ouvida.


Lembro das vezes que eu acordava com o cheiro do café, café forte que você fazia, vestida com minha blusa, nas manhãs de domingo. Trazia até a cama, e deitava, pedia para eu cantar. Eu costumava cantar, é verdade. Você deitava sua cabeça no meu colo, enquanto eu cantava. Depois levantava, pegava algum cigarro e escrevia, escrevia sem parar, porque se parasse  - você dizia - se parasse o momento não seria mais o mesmo, as palavras seriam outras. Depois você lia pra mim, me olhava esperando minha reação. Eu sempre adorava, sempre amava seu jeito de escrever, tão intenso, as vezes impróprio, porém sempre verdadeiro. Assim era você. Eu te amava mais do que cabia a mim.


Hoje ele estava mais nervoso, não nervoso não é palavra certa. Absorto, talvez. Os olhos estavam vagos. Pedi um brownie hoje, queria demorar mais. Queria decifrá-lo. Era seu segundo café, uau, nunca eu vi ele pedir dois. Hoje alguma coisa acontecia.


Não sei ao certo quando começou a acontecer, mas acontecia - ou melhor, nada acontecia. Estávamos caminhando para aquele caminho, aquela estrada, onde você seguiria por um lado e eu talvez ficasse parado, esperando que você voltasse. Você já não escrevia mais, se escrevia não lia mais pra mim. Nossos passeios de moto pelos cantos da cidade tão nossos já não existiam. Eu queria conversar, queria me entender mas cada tentativa resultava em brigas que duravam horas para reconcilizações que não passavam de minutos, tão vagas. Você estava indo, e eu não ia com você. Isso doia em mim.


Como ele era lindo, mas de uma beleza triste. De alguém que não dava uma risada já tinha algum tempo. Ele queria parecer sério, mas eu sei que era triste. Eu iria sentar do lado dele, iria dizer pra ele não se preocupar, que vai passar. Que ele devia abrir a porta, seguir em frente, lá fora tinha uma vida linda para viver. Eu diria tudo isso e iria embora, teria alguma vergonha, mas sabia que tinha que ser dito.


Um dia ela foi, faz um certo tempo até. Levou com ela um pouco de mim, mas não deixou nenhuma parte dela comigo. Ela não queria mais, isso doia muito. Mas a gente tem que sempre que continuar, o mundo não para assistir aos nossos dramas, então assim eu continuava, mas não era mais o mesmo. Sentia saudades de sentir aquela coisa quente e misteriosa que dão nome de amor, mas também sabia que o que vinha depois dele era frio e terrível. Virei mais uma página de jornal, senti um cheiro agradável, de repente. Algo acontecia.




- Só o que eu fazia era servir cafés, bolos, tortas e salgados, todos os dias. Mas, há muito além de bolos e cafés aqui dentro. Todo dia entravam pessoas, e junto com elas suas histórias, que nem sempre são contadas. Algumas, meus senhores, dariam ótimos livros, outras, um bom enredo para a novela das nove. Essa é a novela da vida, que acontece todo dia sem nos darmos conta. Nesse dia, aquela menina espevitada novamente pediu um capuccino, e novamente ficou olhando o homem alto de olhos tristes. Mas algo aconteceu. Talvez fosse o sol que fazia lá fora, ou quem sabe a posição mística da lua na noite anterior, mas foi algo que modificou o roteiro de duas vidas. Vi os dois conversando, vi ele rindo- acho que foi a primeira vez-, vi ela saindo e ele indo atrás. Vi os dois sumindo de moto pelas ruas da cidade. Talvez eu não os veja mais, começou um novo capítulo ali. Mas deixa eu ir, existem mais cafés para serem servidos (e outras vidas acontecendo).

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Road.

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Tem uma hora que a gente tem que para e tem que decidir qual caminho escolher. A gente fica parado pensando: sigo em frente, enfrento tudo, tento continuar, ou viro a esquerda, vou pra bem longe de você, passo a ter uma outra vida, na qual você não entra, na qual você vira passado, na qual procuro outro alguém (por que não eu mesma?) para o futuro.
Nem seguir em frente nem virar a esquerda será fácil, veja bem. Os dois caminhos são dificeis, tem aquelas pedras etc etc. Nos dois caminhos terei que caminhar passo por passo, vou cansar, vou querer voltar, vou querer sentar na estrada e apenas fingir esquecer que tenho que ir em frente. É difícil essa coisa toda de ter caminhos.


O que eu queria na verdade, presta atenção, o que eu queria mesmo era que você me guiasse. Segurasse a minha mão, para andarmos devagar. Quando estivesse escuro, que você me abraçasse e me dissesse: vai passar. Quando eu quizesse sentar e desistir, você me puxasse para seguir em frente. Queria que você tirasse da minha cabeça a idéia de virar a esquerda, e se eu virasse, que você fosse comigo, para fazer desse um novo caminho.


Mas talvez não seja assim. Talvez eu só tenha mesmo que virar a esquerda, correr correr correr e ver para onde me leva essa estrada. Quem sabe você pega um atalho e me encontra no meio dela. Quem sabe eu descubra que nessa estrada existem coisas lindas e uma vida para viver. Afinal, como diz meu líndissimo  Caio F. Abreu, "(...)  quando você não tem amor, você ainda tem as estradas"

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Esqueça os livros, baby.

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Deu um longo suspiro: o que há mesmo para fazer, além de continuar seguindo em frente? Tudo poderia ser mais bonito ou mais fácil ou até mesmo mais intenso como era nos filmes, músicas. Sempre exigimos demais, queremos fazer da nossa vida uma literatura, queremos imitar aquilo que ficam berrando no nosso ouvido o tempo todo: amor amor amor, mas não é bem assim que acontece, baby. É mais difícil, com menos floreios, com mais decepções e com menos verdades. Ele não volta no dia seguinte, ele não vai te mandar flores. Esquece essa história de cavalo branco ou essa coisa toda de forever, esquece. Esquece essa coisa toda de dizer uma coisa para que ele entenda outra e faça sua vontade. Na maioria das vezes, não vai fazer. Nem voltar. Vai seguir em frente, te pedir para fazer o mesmo, então siga em frente.

Suspirou novamente, teve vontade de chorar e comer chocolate, além de uma preguiça de começar  tudo de novo. Mas, como diria cazuza "Ah, pra que chorar
A vida é bela e cruel, despida, tão desprevenida e exata, que um dia acaba". Ah sim, ela acaba. Tem dias que a vida acaba e recomeça numa só tarde não é mesmo? Bela e Cruel.

Colocou cazuza para tocar. Escreveu algumas palavras, essas que você lê agora, ou quem sabe outras? Queria dizer tudo que estava engasgado na garganta. Queria recomeçar, queria ir junto com o embalo da maré, e mesmo que o mar fosse turbulento e que houvessem tempestades por ora, mergulharia fundo e passaria por tudo isso. Sempre passa. Nem sempre é como queremos ou como vemos nos filmes, livros, músicas e afins. Mas passa.

Mais um suspiro: o que há mesmo de para se fazer, além de continuar sendo protagonista das histórias que ninguém conta?

Ao som de: Ritual, Cazuza. Obrigada, poeta.